- 20/09/2022 |
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Como lidar com o racismo na escola? Entenda!
As instituições de ensino devem ser, por si só, um ambiente de pluralidade, ou seja, estarem aptas para receber pessoas das mais variadas culturas, etnias, gêneros e características comportamentais e sociais. Nesse sentido, saber como lidar com o racismo na escola é fundamental para promover o respeito e a valorização da diversidade entre os alunos.
Embora o Brasil seja um país heterogêneo e com uma ampla riqueza cultural, o racismo ainda é um sério problema enfrentado pela população. Isso se manifesta de diferentes formas, como na evasão escolar, limitação de oportunidades no mercado de trabalho e até na segregação do indivíduo em ambientes dos quais participa.
Então, combatê-lo é imprescindível para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária e, neste post, vamos falar um pouco do que você precisa saber sobre o assunto. Confira!
O que é o racismo?
Para entendermos o que é o racismo, em primeiro lugar, devemos explicar quais são as diferenças entre preconceito, discriminação e, de fato, racismo. O primeiro consiste em um julgamento feito sem que haja conhecimento de causa e da pessoa.
A discriminação, por sua vez, acontece a partir do tratamento desigual entre os indivíduos, o que pode ocorrer por diferentes motivos. Já o racismo é o preconceito — ou a discriminação — em razão da origem étnica ou da cor da pele.
O preconceito racial da sociedade moderna tem a sua raiz nos séculos XVI e XVII, durante a expansão marítima e comercial, período em que também se deu a colonização do continente americano. Nessa época, houve a escravização do povo africano, além do genocídio dos indígenas.
Com o intuito de justificar a escravização, os europeus criaram diversas teorias baseadas na hierarquia das raças. Para eles, os brancos seriam “superiores” aos demais, logo, seriam os únicos com capacidade intelectual para governar, trabalhar a terra e prosperar, enquanto as pessoas negras serviriam apenas para o trabalho braçal. Outra teoria era a de que os indígenas e os negros não tinham alma, sendo vistos pelos cristãos da época como animais.
A partir da abolição da escravatura no século XIX, os países escravistas deixaram de utilizar a mão de obra negra, mas isso não foi o fim do racismo. Na verdade, o problema ganhou uma nova roupagem desencadeada pela desigualdade social.
Como o racismo se manifesta na sociedade?
É necessário ter em mente que o racismo pode se manifestar de diferentes formas, como dito. Uma delas é por meio da discriminação racial direta, que é crime e caracteriza-se quando pessoas negras são difamadas, violentadas ou têm o seu acesso a algo — ou a um local — vetado por causa da sua cor.
Não podemos deixar de mencionar o racismo institucional, menos perceptível do que a forma anterior, porém também ocorre frequentemente. Exemplos disso são as abordagens mais violentas da polícia ou a desconfiança gratuita da segurança das lojas quando um indivíduo negro entra no local.
Há ainda o racismo estrutural, que, muitas vezes, passa despercebido. Ele pode ser notado quando vemos que negros ou indígenas ocupam menos ou nenhum cargo de chefia quando comparado ao número de brancos nas empresas e estão sempre presentes em menor número nas universidades, no próprio uso de expressões linguísticas e na reprodução de comportamentos de cunho racista.
Qual é a importância do combate ao racismo na escola?
O processo de ensino-aprendizagem está naturalmente relacionado às experiências raciais e sociais. Diante disso, abordar a diversidade é dar visibilidade às diferentes culturas e etnias é mostrar o quanto o racismo é uma experiência que impede a vivência do corpo negro em espaços como a própria escola. Nesse sentido, a educação das relações étnico-raciais deve ser o resultado da construção de práticas pedagógicas que insiram a diversidade, promovam a reflexão e estimule práticas coletivas de combate ao racismo e discriminação dentro e fora da escola, contribuindo para que os estudantes vivenciem a temática desde cedo e consequentemente deixem de reproduzir comportamentos racistas e, assim, colaborem para uma sociedade livre de preconceito, discriminação e desigualdade.
Com a valorização de todos os grupos étnicos, em vez de falar apenas das contribuições da branquitude, a escola tem também o objetivo de colocar em debate a cultura afro-brasileira e sua grande importância como formadora da nossa sociedade, abrindo um diálogo democrático e crítico, dando mais voz e visibilidade.
Como lidar com o racismo na escola?
Para falar sobre o racismo na escola, é necessário promover a aceitação do outro, adotar medidas que conscientizem e valorizem a diversidade, além de envolver toda a comunidade escolar, não se limitando apenas aos alunos. Veja, a seguir, quais são as práticas mais recomendadas para fazê-lo na sua instituição de ensino.
Adote um caráter preventivo
Em primeiro lugar, é crucial que a escola adote um caráter preventivo. Isso significa implementar medidas que contribuam para a conscientização dos alunos, como palestras e campanhas que expliquem o que é o racismo, as suas causas e as consequências, além de apresentarem os dados sobre o assunto no país, debatendo sobre como impactam a sociedade em que vivemos.
Não se limite às datas comemorativas
Em muitas escolas, o racismo é abordado apenas no dia 20 de novembro, em que é celebrado o Dia da Consciência Negra no Brasil. Porém, é necessário ir além disso e falar sobre o assunto no restante do ano, promovendo práticas e ações pedagógicas sobre essa temática já que se trata de uma pauta que deve fazer parte do nosso dia a dia. Logo, deve ser integrada ao cotidiano das crianças e dos adolescentes.
Dialogue com as famílias
Há situações em que os estudantes repetem comportamentos/ falas aprendidas em casa. Diante disso, dialogar com as famílias é essencial para combater o racismo não só no ambiente escolar, mas na comunidade como um todo. Para tanto, é possível desenvolver projetos e eventos culturais dos quais os responsáveis possam participar e contribuir para o enriquecimento cultural da escola.
Treine docentes e funcionários
Quando se fala em lidar com o racismo na escola, esteja ciente de que esse não é um trabalho apenas dos professores, do gestor e do coordenador, mas também de todos os outros funcionários. Sendo assim, treine toda a sua equipe para entender a importância de combater o problema e de saber como identificar situações de racismo, ainda que não sejam tão evidentes.
Todo caso de racismo na escola deve ser tratado com seriedade e respeito à vítima, com ações que responsabilizem o agressor e ajudem a conscientiza-lo. A sua equipe deve ter sensibilidade para conversar com a vítima e com a sua família, além de colocar os familiares do agressor a par da situação e incluí-los na resolução do conflito.
Exponha os alunos a uma variedade de pessoas e de ambientes
Gerar oportunidades para que os alunos tenham contato com diferentes culturas e ambientes é uma iniciativa indispensável para derrubar barreiras que levam ao preconceito. Partindo desse princípio, a escola pode levar os alunos para museus, feiras étnicas e festivais que os permitam interagir com uma cultura diferente da sua.
A diversidade não pode ficar apenas no campo teórico. É preciso ir além do discurso e construir um ambiente escolar diverso, com professores e colaboradores com diferentes origens étnicas. Também é indicado trazer oradores negros para falar sobre o racismo, sobre a cultura africana e sobre a sua importância para a sociedade.
Trabalhe a diversidade em sala de aula
Para aprofundar o conhecimento dos alunos, há que se trabalhar a diversidade em sala de aula. Isso pode ser feito com o uso de livros de estudos sociais que falem sobre os países da África, com a introdução de contos populares, com músicas, com arte, com alimentos e com as demais referências associadas ao povo negro.
Ensinar sobre as culturas e os fatores desafiadores que envolvem as diferenças humanas é crucial para que os estudantes sejam confrontados com a realidade que os negros viveram no passado e vivem na atualidade. Além disso, é fundamental para que eles compreendam a necessidade de combater o racismo e a desigualdade causada por ele.
Apesar de o período da escravatura no Brasil ter acabado, o preconceito racial continua sendo um problema contemporâneo. Ao exercer o seu papel social e saber como lidar com o racismo na escola, é possível desconstruir o preconceito e tornar a educação diversa, além de formar cidadãos mais conscientes, justos e ativos na luta contra a desigualdade racial.
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